Ronaldinho Gaúcho é embaixador do Barcelona e faz parte da equipe de veteranos
O apoio de Ronaldinho Gaúcho à candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) nas eleições presidenciais não caiu bem no Barcelona. A foto do jogador com uma camisa amarela e o número 17 às costas publicada no dia 7 deste mês causou mal-estar no clube catalão e terá efeito na relação entre ambos. A informação foi publicada pelo jornal Sport e confirmada pelo UOL Esporte.
Ronaldinho é embaixador do clube e uma das estrelas do Barça Legends, equipe de veteranos que faz amistosos ao redor do mundo. Mas, depois de se manifestar em favor do candidato do PSL à presidência, suas aparições com a camisa azul e grená tendem a diminuir.
A crise entre Ronaldinho e o Barcelona começou a explodir minutos depois de o ex-jogador publicar sua preferência política nas redes sociais. A reportagem do UOL Esporteapurou que, ainda no domingo, o clube recebeu uma avalanche de e-mails, ligações e menções em redes sociais a respeito do tema. Segundo funcionários, a esmagadora maioria era de críticas, e as mensagens não se limitavam ao Brasil.
Na segunda-feira, dia seguinte ao primeiro turno da eleição, o assunto passou a ser tratado nos corredores do clube. Diante de tantas manifestações de repúdio, a primeira atitude a ser tomada foi suspender a publicação de qualquer conteúdo referente ao jogador na última semana. Havia a previsão de usar gols e fotos de Ronaldinho nas redes sociais, mas as publicações acabaram suspensas por decisão da diretoria.
A participação de Ronaldinho em eventos e nos próximos jogos do Barça Legends não deve ser cancelada, mas o calendário de atividades será reduzido. Nos últimos meses, Ronaldinho tem se tornado a cara do projeto de veteranos do clube e também uma presença constante em outros atos promocionais.
Em 20 de março deste ano, Ronaldinho filiou-se ao Partido Republicano Brasileiro (PRB), sendo inclusive especulado como possível candidato ao Senado. A legenda, que apoiou Geraldo Alckmin (PSDB) no primeiro turno, se declarou neutra e liberou seus membros para a segunda fase do pleito presidencial.
Outro brasileiro que também terá sua relação com o Barcelona reduzida pelo mesmo motivo será Rivaldo. Mas, como não tem laços tão fortes com o clube como Ronaldinho, o pernambucano não causa tanta preocupação nos corredores do Camp Nou.
Procurado pelo UOL Esporte, o Barcelona não se manifestou oficialmente sobre o assunto. A reportagem também tentou falar com Ronaldinho Gaúcho, além de contato com seu irmão e representante Roberto de Assis, mas não obteve retorno até então.
Barcelona e política
A indignação de sócios e diretores do Barcelona com o apoio de Ronaldinho a Jair Bolsonaro não atende apenas ao apelo das redes sociais. O clube catalão é conhecido por envolver-se em questões que vão além do futebol – como diz o lema “Més que un club” (Mais que um clube, em português).
Durante a ditadura de Francisco Franco, quando o idioma catalão foi proibido na Espanha, o Camp Nou tornou-se um lugar de resistência, em que os torcedores do Barcelona podiam expressar-se sem sofrer a repressão da polícia franquista. O governo do militar, de extrema-direita, só acabou com sua morte, em 1975.
Nos últimos anos, no contexto do crescimento do movimento independentista catalão, à torcida do clube também tem se mostrado ativa. Em todos os jogos no Camp Nou, exatamente aos 17min14s de cada tempo, o estádio grita pela independência da comunidade autônoma, em referência ao ano de 1714, data da Guerra de Sucessão, que significou a redução da autonomia catalã.