ESPERANÇA E FÉ: Pai de siamesas unidas pela cabeça relata otimismo com processo de separação das filhas

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Diego Freitas Farias conta que família enfrentou desafios até diagnóstico completo sobre as filhas. Após duas cirurgias, meninas de 1 ano e 9 meses devem ser submetidas a outras três.

pensamento de que tudo dará certo é o que prevalece no seio da família das gêmeas siamesas Maria Ysabelle e Maria Ysadora, de 1 ano e 9 meses, que passam por um processo de separação no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto (SP).

Unidas pela cabeça, as meninas e a família vivem um momento de expectativa para a próxima cirurgia, agendada para agosto. Estão previstas cinco etapas até a separação total, que deve acontecer em novembro deste ano.

“Eu me sinto muito realizado de poder ver um dia as minhas filhas separadinhas e viver uma vida normal, ir para a escola. Desse jeito que elas estão, nem sei como seria, a gente teria que se adaptar. Vai ser muito bom vê-las separadas”, disse o pai, Diego Freitas Farias.

Apesar do otimismo, Farias comenta que ele e a esposa já viveram muitos momentos de incerteza, assim que as meninas nasceram. A família é de Patacas, distrito de Aquiraz (CE), e até encontrar a equipe médica que a acolheu, não sabia se a separação seria possível.

Desafios

A trajetória da gestação, a descoberta de que as filhas eram siamesas, as idas e vindas a médicos e hospitais mudaram completamente a vida de Farias e da mulher, Débora Freitas dos Santos, que chegaram a deixar as vidas profissionais para cuidar das meninas.

“Quando elas nasceram, ficaram assim, ligadinhas, foi um choque. Só nesse dia levei três multas no carro. Mas, vai passando o tempo e a gente vai se acostumando, se adaptando, e vê vídeos na internet e histórias de outras crianças que deram certo”, disse.

Imagem da segunda cirurgia da separação das gêmeas siamesas no HC em Ribeirão Preto (Foto: HC-RP/Divulgação)

Imagem da segunda cirurgia da separação das gêmeas siamesas no HC em Ribeirão Preto (Foto: HC-RP/Divulgação)

Farias conta que a gravidez da mulher era muito esperada. Os dois queriam muito ter filhos e quando descobriram que seriam gêmeas, a notícia foi ainda mais comemorada.

Desde o início, a gestação foi considerada normal pelo médico que acompanhou Débora. No sexto mês de gestação, o casal foi para Fortaleza (CE) e a mãe passou por um exame morfológico, mas nada foi identificado pelo profissional.

Somente no oitavo mês de gravidez, após novos exames, os médicos confirmaram que as irmãs estavam unidas pela cabeça, mas tinham cérebros independentes, o que permitiria a separação dos corpos após o nascimento.

As irmãs nasceram no Hospital Geral Doutor César Cals, na capital cearense, e depois foram transferidas para o Hospital Infantil Albert Sabin, na mesma cidade.

“Eu fiquei três meses viajando cerca de 50 quilômetros quase todos os dias para vê-las. Depois de um tempo, conheci o doutor Eduardo Jucá e ele me orientou a procurar o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto”, conta Farias.

Uma equipe do HC com aproximadamente 25 profissionais começou a acompanhar o caso, com o apoio do médico norte-americano James Goodrich, do Montefiore Medical Center, de Nova Iorque, especializado em cirurgias de gêmeos siameses.

O pai das siamesas, Diego Freitas Farias, em Ribeirão Preto (Foto: Patrícia Rennó/G1)

O pai das siamesas, Diego Freitas Farias, em Ribeirão Preto (Foto: Patrícia Rennó/G1)

Após uma análise aprofundada, a equipe concluiu que era possível realizar a separação das gêmeas. Mas, seriam necessárias diversas cirurgias. Em cada uma delas, os médicos iriam abrir uma parte diferente do crânio e separar os vasos sanguíneos interligados.

Para facilitar a logística, o casal se mudou em janeiro deste ano para Ribeirão Preto. A família passou a viver provisoriamente nos fundos de uma casa usada pelo Grupo de Apoio ao Transplantado de Medula Óssea (Gatmo), dentro do campus da USP.

A primeira operação ocorreu no dia 17 de fevereiro e levou cerca de sete horas para ser concluída. O segundo procedimento ocorreu em 19 de maio e teve duração de de oito horas (veja vídeo).

“Ainda tem mais duas cirurgias e a última, que é mais complicada, é a separação total. A gente fica apreensivo. Vamos para a terceira cirurgia, tudo está dando certo, os médicos e a equipe são muito bons. A expectativa é muito boa, está tudo caminhado”, diz o pai.

Rotina

Farias e a mulher se dedicam exclusivamente aos cuidados das filhas. A alimentação da família é fornecida pelo Gatmo. Até os médicos se envolveram em uma campanha para ajudar o casal a se manter em Ribeirão Preto.

As gêmeas quase não saem da casa. O pai conta que, pela manhã, as crianças gostam de assistir a desenhos infantis na televisão.

“A gente quase não passeia muito, porque não quer correr o risco de elas pegarem resfriado. A próxima cirurgia será em agosto e estamos tomando cuidado. A gente ia para Fortaleza depois da última cirurgia, mas a equipe médica não liberou devido à pressão do avião”, conta.

Com o tempo, a família está se adaptando à vida no interior de São Paulo. Farias diz que ele e a mulher também buscam mais informações sobre casos de siamesas, como as filhas, e têm esperança de que Maria Ysabelle e Maria Ysadora possam ter uma vida normal.

“Elas são muito alegres, já falam quase tudo. Apesar de estarem ligadinhas pela cabeça, isso não impede quase nada. Se deixar, elas até descem da cama e estão cada vez mais espertas. Ysabele puxou o gênio da mãe e é mais agitada. A Isadora é mais calma e mais parecida comigo”, conclui o pai.

Fonte: G1

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