GREVE: Manifestação dos caminhoneiros chega ao 10º dia com prejuízos para a economia

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Manifestantes continuam parados às margens das rodovias, mas sem bloqueio para passagem de veículos. Em um trevo da BR-101 e BR-262, cerca de 600 caminhoneiros continuam em protesto.

A greve dos caminhoneiros chega ao 10º dia, nesta quarta-feira (30), e o estado já contabiliza um prejuízo bilionário para a economia. Leite e ovos foram jogados fora, frangos doados para não morrerem de fome e o mamão que seria exportado também foi doado.

As cargas não chegam e não saem dos portos e o prejuízo também afeta o comércio exterior – R$ 400 milhões em mercadorias deixaram de circular.

Abatedouros do Sul do Espírito Santo ficam fechados por causa da greve dos caminhoneiros (Foto: Roberto Duarte/ TV Gazeta)

Abatedouros do Sul do Espírito Santo ficam fechados por causa da greve dos caminhoneiros (Foto: Roberto Duarte/ TV Gazeta)

Em Atílio Vivácqua, na região Sul do Espírito Santo, uma indústria de abate e beneficiamento de suínos já dispensou funcionários. Em Cachoeiro de Itapemirim, essa mesma empresa fechou uma unidade e pode parar até a sexta-feira (1).

Caminhões continuam parados em trevo da BR-262 e BR-101, no Espírito Santo (Foto: Vinícius Gonçalves/ TV Gazeta)

Caminhões continuam parados em trevo da BR-262 e BR-101, no Espírito Santo (Foto: Vinícius Gonçalves/ TV Gazeta)

Pelo 10º dia, caminhoneiros continuam parados em rodovias do estado, em 26 pontos de manifestação. No trevo de Viana, entre as BR-101 e BR-262, está o ponto de maior concentração.

Segundo os manifestantes, são mais de 600 caminhões parados no local. Não há caminhões de alimentos parados na rodovia, porque toda a carga desse tipo foi doada.

Caminhões que carregam alimentos e remédios conseguem passar pelo bloqueio, depois de conversarem com os manifestantes.

Porto de Vitória

De acordo com a Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), o bloqueio no porto de Vitória acontece, principalmente, no Trevo de Capuaba. Em média, cerca de 500 caminhões deixam de acessar o porto, diariamente. Os navios descarregam, mas os produtos ficam armazenados nos pátios de aguardo.

A Companhia estima que o prejuízo seja de R$ 12 milhões com as cargas paradas e mais R$ 4 milhões em perdas tarifárias. Ao todo, 60 mil toneladas de cargas estão retidas, incluindo grãos, veículos, fertilizantes, combustível e contêineres.

Exportação

Segundo o Sindicato do Comércio de exportação e importação do estado do Espírito Santo (Sindiex), no setor de importações, uma semana de paralisação significa que cerca de R$ 400 milhões em mercadorias deixam de ser entregues.

Consequentemente, o estado deixa de arrecadar uma quantia superior a R$ 10 milhões para cada semana de paralisação, referente ao ICMS.

Além disso, o presidente do sindicato afirma que a paralisação deverá acarretar num aumento de custos de armazenagem, nos preços dos produtos importados e dos insumos que são utilizados na exportação.

“Quanto mais demorar a greve, maiores serão os prejuízos para uma economia que acabou de sair de uma recessão” disse o presidente do Sindiex, Marcilio Machado.

Ceasa

Na sexta-feira (25), a administração das Centrais de Abastecimento do Espírito Santo (Ceasa), em Cariacica, já contabilizava um prejuízo de mais de R$ 5 milhões para produtores e lojistas.

Na manhã desta terça-feira (29), entraram no local 201 caminhões com hortaliças, frutas e legumes de procedência capixaba, que irão abastecer o Estado. O fluxo de produtores no local representa 70% do habitual.

Indústria

Em apenas quatro dias de paralisação dos caminhoneiros, a Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) já estimava um prejuízo de R$ 200 milhões no setor.

“O setor industrial foi muito afetado. Diversas indústrias já tiveram suas atividades interrompidas, funcionários dispensados. Principalmente, indústrias que dependem de agricultura, e as que dependem de matérias primas externas, vindas de outros, já estão paralisadas. A produção de ovos, frangos, produtos químicos, que dependem de produtos externos, tiveram suas atividades paralisadas”, afirmou o vice-presidente da Findes, Raphael Cassaro.

Comércio

A Federação do Comércio do Espírito Santo (Fecomércio) estima que o setor teve um prejuízo de R$ 20 milhões por dia, com a greve dos caminhoneiros.

“É bastante acentuado, considerando um estado do tamanho do nosso. O setor de cargas pesadas, de gêneros alimentícios foram os mais prejudicados. Todos os setores foram prejudicados”, disse o diretor da Fecomércio Ilson Bozi.

Agricultura e pecuária

O prejuízo no setor de aves e suínos, segundo o diretor executivo da Associação de Avicultores e Suinocultores do Espírito Santo (Aves), Nélio Hand, já alcançou os R$ 50 milhões.

“Temos estimativas em cima dos estoques, ou seja, sobra de mercadoria perecível que está tendo nos frigoríficos, câmaras frias, os ovos que estão estocados e o que já se perdeu na estrada”, disse.

Para a Federação de Agricultura e Pecuária do ES (Faes), “as perdas do setor agropecuário capixaba já são incalculáveis”.

Produtores sem ração podem comprar grãos que seriam exportados

Os criadores de aves e suínos que estão sem ração no Espírito Santo foram autorizados a comprar grãos que seriam exportados pelos portos do estado. O decreto que garante alimento para os animais foi publicado pelo governo estadual nesta terça-feira (29), em uma edição extraordinária do Diário Oficial.

Mamão que seria exportado é doado

Um dos setores mais importantes do agronegócio do Norte do Espírito Santo, a produção de mamão também já encara os reflexos da paralisação dos caminhoneiros.

Os produtores não conseguem escoar a produção. Nas fábricas, as máquinas estão paradas. Em uma empresa de importação e exportação de mamão papaya, oito veículos estão parados pelo país. O prejuízo chega a R$ 2 milhões. Para não estragar, 600 toneladas da fruta devem ser doadas.

Empresa que exporta mamão teve que parar a produção no Espírito Santo (Foto: Juliano Gomes/ TV Gazeta)Empresa que exporta mamão teve que parar a produção no Espírito Santo (Foto: Juliano Gomes/ TV Gazeta)

Empresa que exporta mamão teve que parar a produção no Espírito Santo (Foto: Juliano Gomes/ TV Gazeta)

Em outra fábrica, os frigoríficos estão lotados de frutas. A previsão é de um prejuízo de 100 toneladas de frutas que podem ser perdidas.

“Hoje está por volta de pelo menos R$ 500 mil. E a cada hora que vai passando, o prejuízo vai aumentar, porque o mamão é uma fruta extremamente perecível”, disse Augusto Roza, diretor da Frutmel.

Veja os principais reflexos da paralisação no estado:

Combustível

Segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado do Espirito Santo (Sindipostos-ES), a situação está sendo normalizada aos poucos no estado. Ainda falta combustível em alguns postos, mas a maior parte deles já estão abastecidos.

Fonte: G1

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