Manifestantes continuam parados às margens das rodovias, mas sem bloqueio para passagem de veículos. Em um trevo da BR-101 e BR-262, cerca de 600 caminhoneiros continuam em protesto.
A greve dos caminhoneiros chega ao 10º dia, nesta quarta-feira (30), e o estado já contabiliza um prejuízo bilionário para a economia. Leite e ovos foram jogados fora, frangos doados para não morrerem de fome e o mamão que seria exportado também foi doado.
As cargas não chegam e não saem dos portos e o prejuízo também afeta o comércio exterior – R$ 400 milhões em mercadorias deixaram de circular.
Em Atílio Vivácqua, na região Sul do Espírito Santo, uma indústria de abate e beneficiamento de suínos já dispensou funcionários. Em Cachoeiro de Itapemirim, essa mesma empresa fechou uma unidade e pode parar até a sexta-feira (1).
Pelo 10º dia, caminhoneiros continuam parados em rodovias do estado, em 26 pontos de manifestação. No trevo de Viana, entre as BR-101 e BR-262, está o ponto de maior concentração.
Segundo os manifestantes, são mais de 600 caminhões parados no local. Não há caminhões de alimentos parados na rodovia, porque toda a carga desse tipo foi doada.
Caminhões que carregam alimentos e remédios conseguem passar pelo bloqueio, depois de conversarem com os manifestantes.
Porto de Vitória
De acordo com a Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), o bloqueio no porto de Vitória acontece, principalmente, no Trevo de Capuaba. Em média, cerca de 500 caminhões deixam de acessar o porto, diariamente. Os navios descarregam, mas os produtos ficam armazenados nos pátios de aguardo.
A Companhia estima que o prejuízo seja de R$ 12 milhões com as cargas paradas e mais R$ 4 milhões em perdas tarifárias. Ao todo, 60 mil toneladas de cargas estão retidas, incluindo grãos, veículos, fertilizantes, combustível e contêineres.
Exportação
Segundo o Sindicato do Comércio de exportação e importação do estado do Espírito Santo (Sindiex), no setor de importações, uma semana de paralisação significa que cerca de R$ 400 milhões em mercadorias deixam de ser entregues.
Consequentemente, o estado deixa de arrecadar uma quantia superior a R$ 10 milhões para cada semana de paralisação, referente ao ICMS.
Além disso, o presidente do sindicato afirma que a paralisação deverá acarretar num aumento de custos de armazenagem, nos preços dos produtos importados e dos insumos que são utilizados na exportação.
“Quanto mais demorar a greve, maiores serão os prejuízos para uma economia que acabou de sair de uma recessão” disse o presidente do Sindiex, Marcilio Machado.
Ceasa
Na sexta-feira (25), a administração das Centrais de Abastecimento do Espírito Santo (Ceasa), em Cariacica, já contabilizava um prejuízo de mais de R$ 5 milhões para produtores e lojistas.
Na manhã desta terça-feira (29), entraram no local 201 caminhões com hortaliças, frutas e legumes de procedência capixaba, que irão abastecer o Estado. O fluxo de produtores no local representa 70% do habitual.
Indústria
Em apenas quatro dias de paralisação dos caminhoneiros, a Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) já estimava um prejuízo de R$ 200 milhões no setor.
“O setor industrial foi muito afetado. Diversas indústrias já tiveram suas atividades interrompidas, funcionários dispensados. Principalmente, indústrias que dependem de agricultura, e as que dependem de matérias primas externas, vindas de outros, já estão paralisadas. A produção de ovos, frangos, produtos químicos, que dependem de produtos externos, tiveram suas atividades paralisadas”, afirmou o vice-presidente da Findes, Raphael Cassaro.
Comércio
A Federação do Comércio do Espírito Santo (Fecomércio) estima que o setor teve um prejuízo de R$ 20 milhões por dia, com a greve dos caminhoneiros.
“É bastante acentuado, considerando um estado do tamanho do nosso. O setor de cargas pesadas, de gêneros alimentícios foram os mais prejudicados. Todos os setores foram prejudicados”, disse o diretor da Fecomércio Ilson Bozi.
Agricultura e pecuária
O prejuízo no setor de aves e suínos, segundo o diretor executivo da Associação de Avicultores e Suinocultores do Espírito Santo (Aves), Nélio Hand, já alcançou os R$ 50 milhões.
“Temos estimativas em cima dos estoques, ou seja, sobra de mercadoria perecível que está tendo nos frigoríficos, câmaras frias, os ovos que estão estocados e o que já se perdeu na estrada”, disse.
Para a Federação de Agricultura e Pecuária do ES (Faes), “as perdas do setor agropecuário capixaba já são incalculáveis”.
Produtores sem ração podem comprar grãos que seriam exportados
Os criadores de aves e suínos que estão sem ração no Espírito Santo foram autorizados a comprar grãos que seriam exportados pelos portos do estado. O decreto que garante alimento para os animais foi publicado pelo governo estadual nesta terça-feira (29), em uma edição extraordinária do Diário Oficial.
Mamão que seria exportado é doado
Um dos setores mais importantes do agronegócio do Norte do Espírito Santo, a produção de mamão também já encara os reflexos da paralisação dos caminhoneiros.
Os produtores não conseguem escoar a produção. Nas fábricas, as máquinas estão paradas. Em uma empresa de importação e exportação de mamão papaya, oito veículos estão parados pelo país. O prejuízo chega a R$ 2 milhões. Para não estragar, 600 toneladas da fruta devem ser doadas.
Em outra fábrica, os frigoríficos estão lotados de frutas. A previsão é de um prejuízo de 100 toneladas de frutas que podem ser perdidas.
“Hoje está por volta de pelo menos R$ 500 mil. E a cada hora que vai passando, o prejuízo vai aumentar, porque o mamão é uma fruta extremamente perecível”, disse Augusto Roza, diretor da Frutmel.
Veja os principais reflexos da paralisação no estado:
Combustível
Segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado do Espirito Santo (Sindipostos-ES), a situação está sendo normalizada aos poucos no estado. Ainda falta combustível em alguns postos, mas a maior parte deles já estão abastecidos.
Fonte: G1