Ela contou que o agressor começou a provocá-la após não tê-lo cumprimentado. Em determinado momento, assustada, pediu ajuda à procuradora-geral, vítima que foi espancada por Demétrius Oliveira Macedo.
A agente administrativa Thainan Maria Tanaka, de 29 anos, foi quem denunciou o procurador Demétrius Oliveira Macedo, de 34, para a procuradora-geral, Gabriela Samadello Monteiro de Barros, de 39.
O processo administrativo contra o profissional, segundo as vítimas, pode ter motivado as agressão contra a chefe do setor, que recebeu a reclamação e deu andamento ao procedimento interno. Ela afirma que o advogado era “terrível, mal-educado” e “desprezava todas as mulheres”. Entenda o caso mais abaixo.
Thainan contou que o clima ruim no trabalho e os olhares de desprezo começaram quando ele a questionou por qual razão não havia sido cumprimentado. “Sempre cumprimentei, mas, nesse dia, ele cismou que eu não havia respondido. Eu poderia ter me distraído com outra coisa, mas ele queria ser cumprimentado. Ele não queria cumprimentar ninguém, tinha essa postura bem estranha”, afirma.
De acordo com Thainan, passado um tempo ele voltou com a mesma história, embora ela afirme ter continuado a cumprimentá-lo, pois não queria ser importunada. Demétrius, apesar de tudo, a ignorava, relatou.
“Ele virou para mim e disse ‘não adianta você vir me cumprimentar’ e eu falei ‘cumprimento por educação’. Na sequência, Demétrius perguntou ‘onde estava a educação durante todo esse tempo’. Só que ele falou em um tom muito alto e tentou me intimidar. Ficava andando na frente da minha mesa. Nessa eu fiquei com muito medo dele e até chorava”, lembra.
Por não ter sido a primeira vez e por já ter visto o procurador sendo desrespeitoso com as outras mulheres, ela decidiu formalizar uma denúncia à procuradora-geral Gabriela que, segundo ela, se solidarizou, mas não tinha muito o que fazer.
Thainan lembra que no dia 27 de maio o procurador não falou com ninguém e, após o horário de expediente, foi até a sala da Gabriela, agindo de forma estranha, mas ela não estava lá. “Eu acho que ele já estava querendo pegar ela naquela sexta (27 de maio) mesmo”, afirma.
Ela acrescenta, ainda, que a procuradora-geral questionou o que Demétrius queria e o por que estava tratando Thainan de forma desrespeitosa. Nesse momento, de acordo com a agente administrativa, Demétrius se alterou e expulsou Gabriela da sala. Foi mais um motivo para dar entrada com um processo administrativo.
Nesta segunda-feira (20), quando a procuradora-geral foi agredida, Thainan sabia que ele ia receber a notícia do processo administrativo. Por isso, disse ter pedido abono [folga] por cautela, pois estava com medo da reação dele. Ela acredita que se estivesse junto seria agredida também, pois, segundo ela, se não fosse de primeira, seria na hora de separar.
“Eu vi o vídeo e eu achei que ele não parecia ser diferente não. Ele estava igualzinho como eu o via todo dia, eu não achei que ele estava fora de si não. Aquilo que ele fez na segunda (20) poderia ter acontecido em qualquer outro dia. Ele vivia na defensiva”, afirmou Thainan.
Medo de encontrá-lo
Com o procurador ainda solto, Thainan conta que está com medo do que ele possa fazer. Por conta disso, afirma não ficar mais sozinha e que não anda mais a pé na rua. Além disso, parou de andar de moto, porque acredita estar mais segura de carro.
“Eu não sei da onde que sai a implicância dele comigo. Tenho medo de andar na rua, tenho medo dele passar de carro e querer passar em cima de mim, porque agora ele não tem mais nada a perder”.
De acordo com Thainan, o procurador era “terrível, mal-educado” e “desprezava todas as mulheres”. Além de ficar confortável e feliz ao ver alguém mal ou o clima ruim. “Quando a chefia era homem ele se comportava normal, mas ele odiava ter o cargo abaixo de uma mulher”.