As cirurgias proctológicas estão, frequentemente, associadas a desconforto, sangramento e impacto significativo na qualidade de vida dos indivíduos acometidos. Embora o tratamento conservador, baseado em modificações da dieta, medicamentos e procedimentos ambulatoriais, seja suficiente na maioria dos casos, há situações em que a intervenção cirúrgica se faz necessária, especialmente nos quadros mais avançados ou refratários às terapias clínicas, como as fístulas anais e cisto pilonidal.
De acordo com a coloproctologista, Glicia Abreu,tradicionalmente, as técnicas cirúrgicas convencionais representam o padrão ouro no tratamento operatório desses problema, mas a utilização do laser, tecnologia que vem sendo progressivamente incorporada como alternativa terapêutica no tratamento cirúrgico das doenças no ânus, o reto e o canal anal. “É uma técnica menos invasiva que tem se consolidado como uma demanda crescente na prática proctológica contemporânea”, ressalta Glícia.
Uma meta-análise recente, publicada na revista científica Asian Journal of Surgery, reuniu evidências robustas provenientes de 17 estudos, envolvendo 1.196 pacientes, com o objetivo de comparar os desfechos da cirurgia a laser com aqueles obtidos por meio das técnicas convencionais. Os resultados apontam, de forma consistente, para vantagens significativas em favor da abordagem com laser.
Benefícios do laser
O estudo demonstrou que a utilização do laser promoveu uma redução expressiva do sangramento intraoperatório e pós-operatório, além de diminuição do tempo cirúrgico. Ademais, observou-se uma redução relevante dos níveis de dor no período pós-operatório, especialmente nas primeiras 24 horas, fase geralmente associada a maior desconforto para os pacientes submetidos às técnicas tradicionais.
Outro dado de grande relevância foi a menor incidência de estenose anal no grupo operado com laser, complicação que, embora não frequente, apresenta impacto considerável sobre a qualidade de vida quando ocorre. Por outro lado, não foram observadas diferenças significativas quanto à ocorrência de retenção urinária, incontinência fecal ou recorrência da doença, evidenciando que a eficácia do procedimento a laser se equipara a das técnicas convencionais, sem prejuízo nos resultados a médio prazo.
Dra Glicia ressalta que, embora os benefícios sejam evidentes, a adoção ampla da tecnologia ainda encontra restrições, sobretudo relacionadas ao custo dos equipamentos e à disponibilidade nos serviços de saúde, especialmente no setor público. Os achados desta meta-análise corroboram a tendência da cirurgia colorretal moderna de incorporar tecnologias que permitam reduzir o trauma cirúrgico, minimizar complicações e proporcionar recuperação mais rápida e menos dolorosa, sem comprometer a efetividade do tratamento.
Diante das evidências atualmente disponíveis, a cirurgia orificial assistida por laser configura-se como uma alternativa segura, eficaz e alinhada aos princípios da medicina minimamente invasiva, representando um avanço significativo na busca por intervenções que priorizem não apenas a cura, mas também o bem-estar e a qualidade de vida dos pacientes.
Dra. GíciaAbreu, coloproctologista
Professora adjunta de Metodologia da Pesquisa da Escola Bahiana de Medicina, Doutora em Medicina e Saúde Pública e mestre em cirurgia pela Universidade Federal da Bahia.
Membro Titular da Sociedade Brasileira de Coloproctologia e Membro da Sociedade Brasileira de Motilidade Digestiva. Atua como coloproctologista no Serviço Estadual de Oncologia- SUS/Bahia desde 1992. Atualmente atende como coloproctologista na Rede D’Or em Salvador._
Tem vários artigos publicados, premiações de trabalhos em congressos, sendo sua atuação voltada especialmente para o tratamento de Doenças do assoalho pélvico como incontinência fecal e constipação, com experiência na realização de exames como Manometria anorretal de Alta resolução. Realizada tratamento com técnicas minimamente invasivas, como neuromodulacao sacral e uso de laser para várias patologias proctológicas.
Dra. GíciaAbreu, coloproctologista*
Professora adjunta de Metodologia da Pesquisa da Escola Bahiana de Medicina, Doutora em Medicina e Saúde Pública e mestre em cirurgia pela Universidade Federal da Bahia.
Membro Titular da Sociedade Brasileira de Coloproctologia e Membro da Sociedade Brasileira de Motilidade Digestiva. Atua como coloproctologista no Serviço Estadual de Oncologia- SUS/Bahia desde 1992. Atualmente atende como coloproctologista na Rede D’Or em Salvador._
Tem vários artigos publicados, premiações de trabalhos em congressos, sendo sua atuação voltada especialmente para o tratamento de Doenças do assoalho pélvico como incontinência fecal e constipação, com experiência na realização de exames como Manometria anorretal de Alta resolução. Realizada tratamento com técnicas minimamente invasivas, como neuromodulacao sacral e uso de laser para várias patologias proctológicas.
Currículo lattes: https://lattes.cnpq.br/4410960630723377