O Projeto Reverbera! – que une cinema mudo e improvisações musicais realizou sua segunda apresentação deste ano em Santa Cruz Cabrália, no dia 28 de outubro. O palco da apresentação foi o espaço cultural Vila Criativa, em Santo André, e encantou os presentes. Já a primeira apresentação aconteceu, no dia 24 de outubro, no CONEX, Congresso de Extensão da UFSB, que reuniu a apresentação de diversos trabalhos de extensão da Universidade, e aconteceu em conjunto com a SNCT, Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, no Campus Sosígenes Costa da Universidade Federal do Sul da Bahia.
As apresentações que contaram com três curtas: ‘L’ Éclipse du Soleil en Pleine Lune, de Georges Méliès (1907); o stop motion ‘The Cameraman’s Revenge, de Ladislas Starevich (1912); e ‘The Great Train Robbery’, da Cia Thomas Edison (1903).
A professora e coordenadora do Reverbera!, Ariane Stolfi contou um pouco da história do projeto, que surgiu em 2018 como parte de um Programa de Extensão Universitária da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e que agora, por meio do Edital da Lei Paulo Gustavo (LPG) Estadual, chega ao público em novas apresentações abertas e gratuitas.
“Todo o som é produzido ao vivo por nosso grupo e a cada apresentação, a improvisação sai de forma diferente. O que a torna ímpar. A ideia é disponibilizá-las em plataformas digitais. Nossa próxima apresentação marcada acontece em 15 de fevereiro, no Centro de Cultura de Porto Seguro, onde apresentaremos um material autoral, em vídeo, com sonorização ao vivo”, relatou.
A Voz dos Filmes – Sons vocalizados, chocalhos, guitarra, percussões, apitos, teclados e outros instrumentos fazem parte do enredo para a improvisação. E o objetivo é causar emoções e levar a experiências, que vão de estranhamento a alegria, medo a liberdade, com uma sonoridade bastante dinâmica. Além dos sons tradicionais, o grupo formado por 10 músicos, mistura ainda sons eletrônicos, com base musical utilizando ferramentas de software com reuso de samples processados e editados em tempo real.
Em uma época em que o som e a imagem são tão importantes para se explicar o cotidiano, essa nova forma de entender e sentir o audiovisual e a sétima arte fez muitos dos presentes se emocionarem. Nas duas apresentações já realizadas este ano – na UFSB e na Vila Criativa, o Reverbera! mostrou a que veio, trazendo essa confusão excitante e que mexe com a cabeça, coração, olhos e ouvidos de quem presencia o projeto.
Animação – Após a apresentação do Reverbera!, o Cine Vila, projeto contemplado pela LPG municipal trouxe a Mostra Oficial do Dia Internacional da Animação (DIA), que teve exibições simultâneas em mais de 200 cidades no Brasil. Responsável pela articulação com a Vila Criativa – que há pouco tempo se tornou um Ponto de Cultura –, Davidson Chioke, falou sobre a data e a mostra. “Pelo viés de trazer esse acesso à cultura e à linguagem audiovisual e para comemorarmos hoje [dia 28] o Dia Internacional da Animação. Estou muito empolgado para também mostrar para vocês, esses trabalhos premiados”, ressaltou, afirmando que além dessa apresentação, ainda serão realizadas mais duas: uma dedicada ao público infantil e outra com conteúdo ambiental.
O DIA está em sua 21ª edição, comemorada em mais de 30 países do mundo. A data para celebrar o evento foi escolhida em homenagem à primeira projeção pública de imagens animadas do mundo – realizada em 28 de outubro de 1892, pelo inventor francês Charles-Émile Reynaud
O Reverbera! é um projeto contemplado pelos Editais da Paulo Gustavo Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura via Lei Paulo Gustavo, direcionada pelo Ministério da Cultura, Governo Federal. Paulo Gustavo Bahia (PGBA) foi criada para a efetivação das ações emergenciais de apoio ao setor cultural, visando cumprir a Lei Complementar nº 195, de 8 de julho de 2022. O projeto também tem apoio da Universidade Federal do Sul da Bahia.
Mais informações pelo Instagram do @reverbera.imagina
Box: As sensações do Reverbera!
“A apresentação foi muito legal. É uma emoção acompanhar o som sendo criado na hora. E ao mesmo tempo, ver filmes antigos, da época do cinema mudo. O som ao vivo traz uma atmosfera muito diferente do que a gente vê hoje. A mistura desse som inusitado, improvisado com os filmes antigos, realmente é uma experiência incrível. Me orgulha ver a professora Ariane, os estudantes e a improvisação criativa”.
Daniel, Puig, Professor do curso de Som, Imagem e Movimento da UFSB
“Fiquei emocionada vendo os filmes em uma sonorização ao vivo. Nunca tinha visto nada igual e me senti dentro da peça. As imagens misturadas à musicalidade vão criando grandes emoções dentro da nossa mente e até nosso corpo vai interagindo. O filme da família besouro (colocar o nome correto) traindo é como se fosse na vida real. Fiquei meio emocionada com a história”.
Sandra Marques, estudante do curso de BI e Humanidades
“Achei bem interessante a construção sonora diante do audiovisual, e de como os estudantes participaram do projeto. Essa mistura das ações, cenas e os efeitos sonoros, mexem com o imaginário. Me assustei, me afligi, porque instrospecto no que estava acontecendo, me esquecia que eles estavam produzindo aqueles sons. Em minha cabeça, algumas vezes, o som não estava ao vivo e sim fazia parte da cena”.
Júlio César, estudante de Jornalismo.
“Entrei na sala errada, mas não consegui ir embora. Achei muito interessante a apresentação ao vivo com o filme ‘retro’. Me senti bem acolhida, e contente de estar na sala errada. Os besouros representando ações humanas, o som ao vivo, a meia-luz aconchegante, Na película do Trem, e fiquei tipo ‘poxa, só três caras e aí teve um que tentou fugir e eu fiquei porque ele tentou fugir e não foi para cima do cara mas aquilo não reagia a um assalto’, eu entrei mesmo no filme”.
_Letícia Rocha, estudante de Matemática Computação LI.*
“Achei inovadora a proposta do Reverbera. Sempre gostei muito de cinema. A comunidade de Santo André também aprovou e gostou, e a gente quer bis. Porque só uma noite foi pouco. Antigamente era feito dessa forma, não só no cinema como também no teatro de revista. Era improviso. Na apresentação a gente acaba tendo essas duas linguagens. Eu sou do Rio, então por anos vivi no Teatro Fênix, vendo Bezerra da Silva, fazendo percussão. O Reverbera me trouxe essa memória de quando tudo funcionava com a música ao vivo e com o artista na frente, no palco”.
Mirian Silva, da Vila Criativa, que recebeu o Projeto Reverbera.
“Achei bem interessante, sinistro e psicodélico. A apresentação traz outras perspectivas do que está passando na imagem e outras formas de imaginar o que pode estar acontecendo na história. É muito bonito, diferente e gostoso de ver”.
_Daisy Moutinho, moradora de Santo André.*
O Reverbera trazendo essa musicalidade para o cinema mudo é lindo, muito criativo, fluído, principalmente por ser autoral e trazer a cada apresentação uma coisa diferente. O que senti foi uma mistura de sentimentos: em alguns momentos, uma bagunça que nos deixa confusos; em outros, um pouco de paz. Não dá pra explicar exatamente a sensação que traz, é uma mistura de sensações”.
Hellen Cezar, moradora de Santo André.
“Foi muita informação para a minha cabeça. O cinema mudo com essa música tão diferente que eu não estava acostumado a ouvir. É muita coisa para processar. Ainda estou com essas músicas andando na cabeça e pensando o que estavam querendo falar com tudo isso. Agradeço a possibilidade de a gente ver isso, que não é comum, né? Cada um dos curtas dá uma emoção diferente. Gostei muito”.
Alberto Criado, morador de Santa Cruz Cabrália.
Legendas:
Legenda 1: O público na Vila Criativa ficou extasiado com a apresentação (Créditos: Gabriel Santana/ Reverbera)
Legenda 2: A equipe do Reverbera é composta pela professora Ariane Stolfi, musicistas e alunos dos curso de Som, Imagem e Movimento da UFSB (Créditos: Reverbera)
Legenda 3: A primeira apresentação aconteceu no Conex, na UFSB (Créditos: Erick Vinícius/ Reverbera)