O meio rural é um dos mais afetados pelas condições climáticas e o setor securitário começa a considerar novas variáveis para equação de riscos
Bruna Carolina Bianchi de Miranda
O setor do agronegócio é o mais impactado com os eventos climáticos e com a passagem do El Niño pelo país. Provocando altas temperaturas, chuvas fortes e enchentes, o fenômeno contribuiu de forma crescente com o panorama de indenizações securitárias, como pode ser observado no primeiro semestre deste ano, em que o ramo do seguro rural pagou R$ 997,7* milhões em indenizações.
Para o segundo semestre, com a chegada da La Niña, o setor rural enfrentará novos desafios, já que os eventos climáticos mudaram de CEP, trazendo diferentes cenários para regiões brasileiras.
Deste modo, o setor securitário começa a considerar novas variáveis para equação de riscos no ramo de seguros rurais, uma vez que o pagamento das indenizações vem se mostrando crescente, sendo necessária uma gestão de risco estruturada para atender a alta demanda.
Para auxiliar nesta gestão, o setor segurador tem como aliado ferramentas de controle de dados, como por exemplo o programa de o zoneamento agrícola de risco climático – ZARC**, criado em 1996, que desenvolveu vários recursos que podem ser utilizados para apuração dos riscos e vem auxiliando o setor agrícola a mapear áreas e projetar cenários agrícolas futuros, no intuito de reduzir ocorrências de perdas e eventuais fraudes.
Além do ZARC, foi instituído, em 2012, o Registro Nacional de Sinistros do Seguro Rural*** (RNS Rural_. Trata-se de uma base compartilhada entres as empresas associadas, desenvolvida pela Cnseg (Confederação Nacional das Seguradoras), que permite o compartilhamento de informações de sinistros do ramo Rural – identificação, histórico, coincidências e desvios****.
ZARC e RNS Rural são programas importantes, que podem auxiliar as seguradoras no aperfeiçoamento dos processos de subscrição do risco, precificação, regulação de sinistros e prevenção à fraude. Para especialistas, ambos programas viabilizam melhorias no processo de contratação de seguros e coberturas, bem como a regulação de sinistros.
Além do aumento dos sinistros em decorrência dos eventos climáticos que o setor rural vem sofrendo, houve queda nas arrecadações dos prêmios no primeiro semestre, já que a subvenção, distribuída pelo Governo Federal via Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), foi abaixo do estipulado como essencial pelo mercado*****.
Porém, o cenário pode mudar, pois na última semana do mês de julho o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) divulgou a liberação de R$210 milhões destinados exclusivamente para região do Rio Grande Sul, através do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), para apoiar a contratação de aproximadamente 30 mil apólices do seguro rural******
É fato que eventos climáticos influenciam o mercado securitário, em especial o setor rural, sendo um dos setores mais frágeis e afetados pelas condições climáticas, conforme observado nos últimos meses. Diante disso, é necessário ampliar os debates acerca da gestão de risco, promovendo diálogo entre o setor privado e público, a fim de impulsionar o mercado segurador e a disseminação da importância do papel do seguro na sociedade.