Morre João Gilberto, pai da bossa nova e lenda da música brasileira, aos 88 anos

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João Gilberto em show no Parque Ibirapuera, em 1992 Foto: Heitor Hui / Agência O GloboJoão Gilberto em show no Parque Ibirapuera, em 1992 Foto: Heitor Hui / Agência O Globo

RIO – Responsável por umarevolução na maneira de cantar e tocar violão que mudou tudo na música brasileira, João Gilbertomorreu neste sábado, 6, aos 88 anos . A causa da morte ainda não foi divulgada. Ele deixa três filhos, João Marcelo, Bebel e Luisa.

Nos últimos dez anos, aquele João Gilberto ícone da bossa nova foi aos poucos perdendo espaço para um personagem complexo. A decadência física, as questões de família, os problemas de dinheiro, os contratos mal feitos, enfim, um conjunto de episódios graves acabou soando mais alto do que o talento de um artista tão grande.

Grande e único. Graças a ele,a bossa nova se consolidou e a música brasileira teve portas abertas para conquistar seu lugar no mundo. A brilhante geração de Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque não teria ido tão longe se não fosse a inspiração de “Chega de saudade “, disco que João lançou em 1958.

São muitos os capítulos desta história. Primeiro, o do adolescente que cantava coisas do rádio no alto-falante da Praça da Matriz de sua cidade, Juazeiro (BA). Depois, o jovem que foi para Salvador sonhando em se profissionalizar.

Em seguida, a ida para o Rio como crooner do grupo vocal Garotos da Lua. Não deu certo. Demitido por faltar aos compromissos, ele tentou outros caminhos, gravou um disco que não aconteceu, chegou a participar de show de Carlos Machado, passou por maus pedaços no Rio, sem casa, sem trabalho, sem perspectiva. O cantor dessa fase é fã de Orlando Silva, tenta cantar como ele, mas fracassa.


João Gilberto fotografado por sua neta, Sofia, em foto divulgada esta semana Foto: Sofia Gilberto / Acervo familiarJoão Gilberto fotografado por sua neta, Sofia, em foto divulgada esta semana Foto: Sofia Gilberto / Acervo familiar

De 1955 a 1957, não se ouviu mais falar em João Gilberto no Rio que o rejeitara. São os dois anos que ele passa em Porto Alegre, Diamantina e, por menos tempo, na casa dos pais em Juazeiro. Quando volta ao Rio, é outro homem, outro artista.

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