Porto Seguro sediou o 1º Fórum de Saúde Mental nesta sexta-feira, 17/05, no Centro de Cultura, em defesa do direito e da liberdade das pessoas.
Contra retrocessos
O relevante evento, alusivo ao Dia da Luta Antimanicomial, idealizado e desenvolvido pela Secretaria de Saúde, sob a coordenação das equipes multidisciplinares que atuam nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) em pleno funcionamento no município, teve como tônica reforçar a mobilização social para os avanços e conquistas obtidos com a reforma psiquiátrica brasileira, no intuito de combater retrocessos de direitos nas políticas públicas voltadas à saúde mental.
Serviços disponibilizados
Estrategicamente montadas em salas, simultaneamente ao fórum, foram realizadas oficinas terapêuticas com usuários, ambiente voltado a atividade física, espaço brincar e cuidar, com práticas recreativas para crianças e adolescentes, além da exposição, ao vivo, de artesanatos produzidos pelos próprios pacientes.
Mesa Diretora
Prestigiada pela prefeita de Porto Seguro, Cláudia Oliveira, ao lado do secretário de saúde, Kerrys Ruas, a mesa diretiva foi composta também pela superintendente de saúde mental, Wandermilza Barbosa, do usuário da saúde mental, Francisco Lima, da secretaria de assistência social, Lívia Bittencourt e os vereadores Robson Vinhas e Bibi Ferraz.
“Estou muito feliz e bastante comovida por participar desse movimento relevante em nossa cidade, pois os pacientes merecem ser vistos como de fato são, seres humanos, tratados com respeito e dignidade. Meu muito obrigada a todos os profissionais da saúde mental de Porto Seguro, por exercer o maior dos sentimentos, que é o amor” , declara a prefeita.
Abertura
Sob forte comoção, a abertura do fórum foi marcada pela exibição do documentário “Manicômio no Brasil”, cujo conteúdo retratou, através de registros históricos, os horrores enfrentados por pacientes com transtornos mentais, tratados de forma desumana e cruel nos hospitais psiquiátricos, ao expor os abusos aplicados nos manicômios, a exemplo dos terríveis choques elétricos, uso de camisas de força, como também a prática excessiva de medicamentos.
O respeito e a dignidade retratados em canção e poesia
Protagonistas atuantes em todo o processo de construção e realização do fórum, os pacientes comoveram a plateia ao se apresentarem no coral saúde mental. Como forma de homenagem, eles ergueram cartazes contendo nomes dos pacientes que faleceram por maus tratos nos manicômios.
A canção “Maltratados por quê”, composta pelo paciente Roni Braga, descreve com extrema sensibilidade o latente desejo de serem vistos e tratados como seres humanos. “Maltratados por quê? Aprisionados por quê? Se somos gente, tal como você. Essa é a situação de viver em hospício então. Oh minha gente, não queremos mais não”.
Na sequência, o público voltou a se emocionar com a declamação das poesias “O CAPS me fez sobreviver, autoria de Gerson Pereira e “Manicômio é uma loucura”, de Alessandro Lima, ambos usuários dos serviços de saúde mental.
Mesa Redonda
Com o tema “Enfrentamento do surto e a potência da rede na luta antimanicomial”, a programação seguiu com a mesa redonda, liderada pela superintendente da saúde mental, Wandermilza Barbosa, acompanhada da psicóloga Iris Lima, tendo a participação da superintendente da atenção básica, Josyane Garcia, do superintendente de urgência e emergência, Gioncarlos Moreno e os psiquiatras Marcelo Niel e Marlon Borgonha.
Dentre as temáticas discutidas, destaque para os desdobramentos históricos de violência, violação de direitos, controle e opressão dos usuários aprisionados nos manicômios. Os profissionais reforçaram a importância da reforma psiquiátrica com o modelo substitutivo dos caps, oferecendo atenção integral e humanizada, por meio da saúde mental integrada e estruturada, pois os usuários são sujeitos de direitos.
“Sou completamente envolvida e apaixonada pelo trabalho do caps. Estar na saúde mental modificou meu modo de viver e olhar para o outro São pacientes que merecem todo respeito e dignidade. Parabéns aos homenageados, nossos pacientes, são eles os atores que juntamente com a equipe marcam a importância da luta antimanicomial em Porto Seguro. Externo gratidão à prefeita Cláudia Oliveira, pelo desfio de tornar possível a inclusão e reabilitação de pessoas tão especiais, através de um cuidado humanizado, carinho, amor e respeito”, enfatiza a superintendente de saúde mental, Wandermilza Barbosa.