Gavião muito raro é fotografado em RPPN no Sul da Bahia

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Sul da Bahia

Este é o segundo registro desta espécie de ave de rapina em uma área da Veracel Celulos

O observador de aves Ivo Tomich Marcos conseguiu fotografar um uiraçu (Morphnus guianensis), uma ave de rapina considerada muito rara. O registro foi feito na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Estação Veracel, em Porto Seguro, no início da manhã do dia 19/03. Este é o segundo registro desta espécie de ave de rapina em uma área da Veracel Celulose. O outro ocorreu em 2012, em outra Área de Alto Valor de Conservação (AAVC) da empresa, no município de Belmonte, também no Sul da Bahia.

Ivo é observador de aves desde 2009 e já esteve na Estação Veracel em outras ocasiões. Essa foi a primeira vez que conseguiu o registro de uma ave tão rara. “Achei que era uma harpia, mas depois a equipe da RPPN esclareceu que era o uiraçu. Foi fantástico ver uma ave tão grande e rara”, comemorou o produtor rural. O uiraçu pode medir de 81 a 91 centímetros de comprimento.

O uiraçu é muito parecido com a harpia (Harpia harpyja), conhecida como gavião-real, que já foi várias vezes fotografada na RPPN. No ano passado, dois ninhos com filhote de harpia foram descobertos na reserva, que possui uma área de 6.069 hectares.

 

5º REGISTRO EM 200 ANOS – Segundo o ornitólogo Luciano Lima, o uiraçu é uma das aves de rapina mais raras do Brasil, mais até que a harpia. De acordo com o site WikeAves – plataforma colaborativa de observadores de aves, esta espécie de gavião é severamente ameaçada em vários estados no Brasil localizados na Mata Atlântica, sendo considerada “criticamente ameaçada” (CR) em São Paulo e Santa Catarina e “regionalmente extinta” (RE) no Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul.

O registro do dia 19/03 foi o 5º no Brasil nos últimos 200 anos. O primeiro foi reportado pelo naturalista e príncipe Wied-Neuwied por volta de 1817. A espécie voltou a ser registrada em 1974, em Porto Seguro; e, em 1995 e 2012, em Belmonte.

O uiraçu depende de grandes extensões de florestas preservadas para sobreviver. “Este registro demonstra que há uma população dessa espécie na região e reforça a importância estratégica das unidades de conservação que protegem as florestas de tabuleiro do sul da Bahia ”, disse Lima

 

CIÊNCIA CIDADÃ – Para o ornitólogo, o fato do registro ter sido feito por um observador de aves reforça o papel fundamental dessa atividade para o monitoramento das espécies ameaçadas no país.

Em abril, foi iniciado o projeto de Observatório de Aves da RPPN Estação Veracel. Ele visa estimular a pesquisa, desenvolver a ciência cidadã e a educação ambiental e conservar o meio ambiente. “O Observatório de Aves é um importante instrumento para o engajamento de pessoas, promovendo o conhecimento sobre aves na região e despertando o interesse de observadores de aves na comunidade”, conclui Lima.

Além de pesquisas e monitoramento de aves, o observatório promoverá cursos, oficinas, festivais, dentre outras atividades com o tema aves.

 

OUTRO REGISTRO RARO – A visita de uma juriti-vermelha (Geotrygon violácea) na RPPN foi registrada por uma das câmeras de monitoramento de fauna da reserva, no mês de fevereiro.  De acordo com o WikiAves, o último registro da juriti-vermelha foi em maio de 2012, no município de Belmonte.

A juriti-vermelha, também conhecida como juriti-da-mata, é uma ave muito procurada pelos observadores de aves. O maior número de aparecimentos da juriti-vermelha é na Mata Atlântica, em fragmentos florestais bem preservados. Os poucos registros, principalmente na Bahia, colocam a ave na lista de espécie ameaçadas de extinção.

De comportamento arisco e solitário, a forma mais fácil para ver a espécie é seguir seu canto.

 

CÂMERAS DE MONITORAMENTO – O monitoramento da fauna na RPPN Estação Veracel é feito por câmeras trap. O objetivo é registrar imagens de animais silvestres, com mínima interferência na rotina deles. As câmeras possuem sensores de movimentos e temperaturas que são acionados com a presença dos animais. As imagens capturadas pela ferramenta compõem um banco de dados sobre a população de animais silvestres que circulam pela reserva.

Só na última campanha deste monitoramento, foram registradas cinco espécies de animais que ainda não haviam sido catalogadas na Estação Veracel. São eles: irara (Eira Barbara), gato-do-mato-pequeno (Leopardus tigrinus), mão-pelada (Procyon cancrivorus), tapiti (Sylvilagus brasiliensis) e ouriço-cacheiro (Erinaceus europaeus).

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