A empreiteira Odebrecht teria pagado R$ 23,3 milhões ao então governador, hoje senador, José Serra (PSDB), em 2009. O dinheiro seria utilizado na campanha presidencial de 2010, quando foi derrotado por Dilma Rousseff, e teria feito parte de um acordo para que a empresa recebesse uma indenização da Dersa.
Por meio do acordo, a Odebrecht teria recebido da estatal paulista R$ 191 milhões, nos valores atualizados de hoje, o equivalente a R$ 463,8 milhões. A Dersa só teria aceitado fazer o pagamento após o acerto da propina para o então governador José Serra.
Segundo reportagem de Mario César Carvalho, do jornal Folha de S. Paulo, um perito foi contratado pela estatal para analisar o caso e o acordo com o braço de rodovias da Odebrecht, a CBPO.
Em 2001, a CBPO entrou com uma ação contra a Dersa, pedindo o pagamento de correções monetárias nos pagamentos atrasados e dizendo que havia sido aplicado redutor de preço errado após o Plano Real. A empresa tinha sido contratada para a duplicação da rodovia Dom Pedro 1º e a construção da Carvalho Pinto, em 1988 e 1990.
Em 2003, a empresa perdeu a ação em primeira instância. Três anos depois, a CBPO recorre ao Tribunal de Justiça e o órgão decide que a empresa tem razão em parte: a Dersa deveria ter corrigido os valores em atraso. Débito é calculado em R$ 532.357,54.
Para a perícia, a Dersa é quem deveria ter recebido este valor. Em 2008, a estatal recorreu ao STJ, mas perdeu. Em 2009, acontece o acordo e a Dersa aceita pagar R$ 191,6 milhões (R$ 463,8 milhões).
Para a Procuradoria-Geral do Estado, órgão encarregado de defender os interesses do governo, há indícios de fraude no acordo, já que os valores pagos não correspondem aos da decisão judicial.