Os jovens são de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense e fazem parte do projeto internacional da Agência Especial norte-americana. Mais de 50 países participam da campanha. Foram inscritos mais de 600 projetos e, deste total, 80 foram selecionados.
Em agosto, as mesmas experiências serão relançadas no espaço em um balão.
Ao todo, são duas experiências. A primeira foi realizada por quatro estudantes da Escola Municipal Dr. Getúlio Vargas, no distrito de Tocos, e usa bactérias presentes na carnesalgada. A outra foi feita por dois jovens assistidos da Fundação Municipal da Infância e da Juventude (FMIJ) e usa sementes de caruru e de alface.
A professora Claudete Soares, que orientou os estudantes de Tocos, autointitulados “Quarteto Espacial”, acredita na garra dos alunos do 7º e 8º anos do Ensino Fundamental, sempre envolvidos em projetos científicos de destaque.
Um dos integrantes do grupo, Cristian dos Santos, é o único estudante do país a nomear um asteróide. A honraria se deu devido ao seu sucesso na campanha de descoberta dos corpos espaciais. A equipe ainda é composta por Thiago Marques de Pinho, João Victor Quitete e Ravelly Fernandes.
O experimento científico é formado por carne salgada com arqueobactérias halofílicasque são formas de vida unicelulares, primitivas que vivem em ambientes hipersalinos.
“O objetivo é submeter esses microorganismos à microgravidade e à radiação solar e verificar sua capacidade de sobrevivência nesse meio extraterrestre, assim, viabilizar, como opção alimentar, a inclusão de carnes salgadas no cardápio alimentar de tripulantes de expedições espaciais e de bases espaciais”, explicou a professora.
Já a dupla Pedro Enrique Manhães e Luís Gabriel de Sales Castillo lançará um dosímetro (equipamento que medirá a radiação) e um relógio de corda, para determinar o tempo de microgravidade.
“Nosso objetivo é testar os efeitos que a gravidade, a radiação e a temperaturapodem causar nas sementes de caruru e de alface”, explicou Pedro Manhães, que sonha ser engenheiro da Aeronáutica.
“Ao fim do lançamento, plantaremos as sementes que estiveram no espaço e outras, do mesmo lote, que não fizeram parte do experiment. Assim constataremos se o fato de as sementes terem ficado em microgravidade provocou alguma mutação nelas”, acrescentou.
Dependendo do resultado da microgravidade nas sementes, os pesquisadores acreditam que as plantas podem ser uma fonte proteica para atender aos astronautas no espaço.
O presidente do Clube de Astronomia Louis Cruls, Marcelo de Oliveira, que auxiliou a pesquisa dos jovens, destacou a importância de estudantes tão novos participarem de uma campanha desta magnitude.
“Cada vez mais os projetos de ciência internacionais estão envolvendo estudantes jovens. Esta iniciativa deveria ser seguida no Brasil. Ao participar de pesquisas como estas, eles crescem enquanto pessoa e vivenciam experiências únicas”, explicou Marcelo de Oliveira.
“Sem contar que os frutos destas pesquisas podem gerar publicações internacionais. Um jovem de 12 anos ter sua pesquisa publicada internacionalmente seria um marco”, frisou Marcelo.