Oca Tururim e Praça da Igreja de Caraíva são palco do segundo dia da Arca da Educação

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Trocas, ensinamentos e exemplos permearam o dia, que ainda teve a presença de lideranças de Caraíva em bate-papo

Esta quinta-feira, dia 18 foi mais um dia de aprendizado e trocas na ARCA – 1ª Encontro das escolas Transformadoras do Brasil, que segue até esta sexta-feira, dia 19. Mais de 60 pessoas estiveram na Oca Tururim para ouvir – e ser ouvido – sobre a base educacional. Na arte da manhã, as lideranças Pataxó tiveram a palavra e mostraram um pouco sobre o viver em comunidade e o ensinar indígena, que vai além de salas de aulas. A Comunidade também teve seu momento e referenciou o conhecimento que, para todos, é uma via de mão dupla.

Hoje, a programação se iniciou às 10h, na Oca Tururim, na Aldeia Xandó e contou com uma oração Pataxó, seguido das falas do Pataxó Raoni, do escritor Sairi Pataxó, entre outras lideranças indígenas. Uma delas foi a diretora da Escola Indígena do Xandó, Nargela Carvalho, que compartilhou seus conhecimentos e suas vivências desde que assumiu a regência da escola.

“Nossos ensinamentos vão além da sala de aula. Surgem na comunidade com as aulas de Patxohã, nossa língua materna, ensinada para indígenas e não-indígenas, matriculados na escola; na mata e nos encontros com nossos anciãos”, relatou.

Família

Como ela, Raoni também falou da educação indígena – que tem início dentro do seio familiar que ensina e inspira o processo de educação. Outros participantes também discursaram sobre as ações educativas e perspectivas que ultrapassam o quadro negro e seguem pelo colorido dos espaços abertos.

“Já foi há tanto tempo o processo de colonização no Brasil, mas nossas escolas seguem colonizadas. É preciso ocupar a educação, com a nossa forma de educar e reatar a escola à nossa vida. Não temos ainda a nossa escola, precisamos ter uma escola, uma educação que tenha a nossa cara e reinventar a nossa escola, do nosso jeito. E como conseguimos isso? Por meio de turmas-piloto e de protótipos de inovação”, ressaltou Bruno Emílio Moraes, da Escola da Floresta, que ainda salientou que não é um caminho fácil, mas realizável.

Outros assuntos que foram discutidos foram o voluntariado e precarização na docência no Brasil; a referência e essência da educação Pataxó; a contribuição do conhecimento dos alunos para os professores e as ações que podem iniciar a transição para uma transformação do ensino tradicional, o pensar como educar; os exemplos dentro da Comunidade Caraíva; os novos tempos e seus problemas e soluções: a gentrificação; o viver o cultivo dos saberes ancestrais; o despertar de conscientização; e o turismo consciente.

Escuta

Para Nara Zibaoui, do Espaço Samambaia, o segundo dia de encontro foi muito especial pois a tocou por escutar lideranças de comunidade indígena – que tem o ensinar diferente – e em união, e o foco principal nas crianças.

“Senti o que cada um ali está disposto a se olhar e estar em união e isso fortalece o propósito. Um momento que me chamou a atenção foi o pedido de desculpas da professora ‘Vevé’ à aluna Janice, dizendo que poderia ter feito mais e diferente, uma forma de reconhecimento desse passado. Entendo que este ato também abre espaço para o novo. A comunidade de Caraíva tem espaços preparados para as crianças e integrados aos outros espaços e isso me faz pensar quais serão as ações e alianças devo fazer para que a minha escola também possa ter este acolhimento na comunidade”, ressaltou.

A gestora da Escola da Árvore, Letícia Araújo, explicou que é preciso ouvir mais do que falar. “Quando estamos em um território que tem pessoas, história e sua identidade bem definida, é preciso entender o nosso papel para poder colaborar e contribuir. Digo sempre que na educação infantil e na alfabetização é que, se não atrapalharmos, as crianças se alfabetizam. É preciso apenas acompanhar e mediar”, revelou.

O último dia do encontro, nesta sexta-feira, dia 19 de janeiro, acontece a partir das 10h, na sede da Escola Coqueiral, onde também acontece o encerramento do encontro. Mais informações pelo site do evento https://www.arcadaeducacao.com.br/ ou Instagram do evento @arcadaeducacao.

A ARCA – 1ª Assembléia da Rede de Comunidades de Aprendizagens do Brasil é uma realização da Escola Coqueiral e da Fundação José Pacheco e conta com o apoio de: Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Causa Animal da Prefeitura de Porto Seguro, Associação dos Nativos de Caraíva (ANAC), Pousada Terra, Caraíva Viva, Chalés Casulo e Caraíva Lixo Zero. Escolas e espaços de aprendizagem convidados: Espaço Samambaia (BA), Escola Xandó Caraíva (BA), Escola Pachamama (RS), Jangada Escola (RJ), Escola Municipal de Caraíva (BA), Escola Almar (BA), Comunidade de Aprendizagem da Escola Floresta (RS), Escola da Árvore (DF) e Reinventando a Escola (SC).

Confira a programação:
ARCA – 1ª Assembleia da Rede de Comunidades de Aprendizagens do Brasil
LOCAL: Caraíva, Porto Seguro – Bahia
De 17 a 19 de janeiro de 2024

DIA 19 DE JANEIRO
Local: Escola Coqueiral
Horário: 10h às 17h

Contato de Imprensa
Débora do Carmo
(11) 9 5772-1789

Crédito das fotos: Léo Barreto – Escola Coqueiral

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