Novo sistema já bate as TEDs em quantidade de transferências, mas ainda perde em valor transacionado pela falta de adesão entre empresas.
O PIX, novo sistema de pagamentos brasileiro, completa três meses de operação integral nesta terça-feira (16). Em pouco tempo, a tecnologia desenvolvida pelo Banco Central domina o número de transferências realizadas, mas perde para as TEDs em valor transacionado.
Quando a métrica é valor transacionado, a situação se inverte. Enquanto o PIX movimentou R$ 225 bilhões neste ano, as TEDs movimentaram R$ 2,7 trilhões, mais de 10 vezes mais que o novo sistema.
Isso se explica porque oito a cada 10 transferências realizadas pelo PIX ainda são feitas de pessoa para pessoa (P2P). No fechamento de janeiro, foram 81,8% do total nessa modalidade das quase 170 milhões de operações fechadas.
As operações pelo PIX entre empresas (B2B) ocupam uma modesta fatia de 2,5% do total do mês de janeiro. E os pagamentos por produtos e serviços também estão em marcha lenta: de pessoas para empresas (P2B) o montante foi de 8,3%, enquanto de empresas para pessoas (B2P) foi de 7,2% do total transacionado no primeiro mês do ano.
Atrasos
Além das taxas, comerciantes ainda têm pouca aderência ao PIX porque, através dele, ainda é possível fazer apenas pagamentos à vista.
O Banco Central, inclusive, anunciou no fim do ano passado que decidiu adiar para março o início da implementação da oferta do PIX Cobrança para pagamentos com vencimento – uma das novas funcionalidades para o sistema de pagamentos instantâneos, que permitirá a lojistas, prestadores de serviços e outros empreendedores emitir um QR Code com vencimento futuro.
Segundo o BC, os participantes do PIX enquadrados na modalidade provedor de conta transacional devem estar aptos para oferecer aos usuários finais, após 15 de março, a leitura de QR Code, ou o tratamento de PIX Copia e Cola, associado a um PIX Cobrança, para pagamentos com vencimento.
Quando anunciou o PIX Cobrança em outubro, o BC explicou que o QR Code com vencimento futuro funcionará como um boleto.
Concorrência vem aí
O WhatsApp afirmou na segunda-feira (15) que conversa com o Banco Central para ser aprovado como um “iniciador de pagamentos” para habilitar o seu sistema de transações financeiras no aplicativo. Esse modelo de instituição é novo – foi anunciado pelo BC em outubro de 2020.
“O WhatsApp está conversando regularmente com o Banco Central para ter a aprovação como iniciador de pagamentos para transferências entre pessoas. Também tem trabalhado para restaurar os pagamentos no WhatsApp para todos no Brasil o mais rápido possível”, afirmou a companhia em comunicado à redação.
Função de pagamentos do WhatsApp foi barrada pelo Banco Central e Cade em julho passado, mas app busca liberação. — Foto: Divulgação/WhatsApp
O envio e recebimento de dinheiro pelo WhatsApp foi anunciado em junho de passado, com o Brasil sendo um dos primeiros países a testar a opção. Alguns dias depois do anúncio, no entanto, Banco Central e Cade barraram a funcionalidade, afirmando que precisavam avaliar riscos concorrenciais e garantir funcionamento adequado do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB).
Em serviços indicados como “iniciadores de pagamentos”, o consumidor dá uma ordem para que a instituição em que é correntista realize o pagamento diretamente ao lojista, sem a necessidade de acessar o aplicativo, com débito em sua conta de depósito ou de pagamento. Ou seja, intermediários, como cartão de crédito, são eliminados.
Fonte: G1