Testemunhas de incêndio que matou irmãos, prestam depoimento

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Irmãos de três e seis anos de idade morreram carbonizados no quarto em que dormiam, na madrugada de sábado (21). Pais de crianças já foram interrogados duas vezes pela polícia.

Duas testemunhas do incêndio que matou os irmãos Joaquim e Kauã, de três e seis anos, na madrugada do último sábado (21) em Linhares, foram ouvidas no fim da tarde desta quarta-feira (25). A pastora Juliana Salles, mãe das duas crianças, e o esposo George Salles, também pastor e pai do menino mais novo, foram interrogados pela segunda vez pela polícia nesta tarde.

O incêndio aconteceu na casa da família, no Centro de Linhares. Na residência estavam dormindo o pai e as crianças, mas as chamas atingiram apenas o quarto dos meninos. A esposa de George estava em um congresso em Minas Gerais junto com o filho mais novo do casal.

A Polícia Civil informou que não vai passar para a imprensa o que foi dito nos depoimentos, que o sigilo está sendo mantido porque o caso ainda está em investigação, mas disse que está apurando o máximo de informações possíveis para concluir o caso.

Desde que as investigações começaram, o casal George e Juliana já prestou depoimento duas vezes. Também foram feitas duas perícias na casa onde o incêndio aconteceu.

Relato do pai

O filho mais velho, Kauã, era fruto de um relacionamento anterior de Juliana. Com George, ela teve Joaquim e outros dois filhos: Helena, que morreu há cerca de dois anos vítima de uma doença, e João, de aproximadamente um ano e meio.

Segundo George, o fogo começou por volta das 2h de sábado. Ele contou que, ao colocar Joaquim para dormir, ligou o ar condicionado e a babá eletrônica, equipamento que monitora o que acontece no quarto das crianças.

Mais tarde, ele pediu que o mais velho fosse dormir e, em seguida, foi para o quarto, tomou banho e dormiu. Algum tempo depois, ele acordou quando o fogo já estava tomando o quarto das crianças.

Por volta de umas 2h da manhã, escutei a babá eletrônica, os gritos deles, vi o fogo muito grande [através da babá eletrônica], corri desesperado, e a casa já não tinha energia. Eu empurrei a porta do quarto deles, que estava entreaberta, eu só havia encostado por causa do ar condicionado, entrei. Quando entrei, escutei os choros deles, a gritaria, eles gritando ‘pai, pai’. Pus a mão na cama, queimei as mãos, não consegui pegar”, lembrou George.

Ele acredita que Kauã tenha descido da beliche onde dormia para tentar ajudar o irmão e se proteger.

“Eles se abraçaram, eu não consegui, o fogo estava muito quente, queimei meus pés, minhas mãos. Eu saí, estava só de cueca, gritando. Comecei a desesperar, duas pessoas vieram e me tiraram da casa, eu tentei uma três vezes entrar para salvar mas já não ouvia mais a voz deles”, lamentou o pastor.

A mãe das crianças não quis falar com a imprensa. Já o pai de Kauã, Rainy Bukovsky, disse que recebeu a notícia através da família, e que este é um momento doloroso para todos.

“Foi uma notícia muito dolorosa. Sei que agora meu filho é um anjo e o irmãozinho dele também. Tenho certeza que um dia vamos entender todos os planos de Deus”, disse.

Casal já perdeu outra filha

Há aproximadamente dois anos, George e Juliana perderam a filha Helena, vítima de uma enfermidade caracterizada por uma anomalia no intestino.

“Não tem uma resposta pro mundo se não for Deus, se eu não tivesse Deus eu não estaria aqui, porque há menos de dois anos eu já perdi uma menina com três meses por uma doença. Creio que Deus tem um plano sobrenatural sobre essas coisas”, disse George.

Pastores, George e Juliana têm se apegado à fé em Deus para enfrentar a perda. “Eu tenho plena certeza e convicção de que é Deus que está nos segurando, nos mantendo firme. Creio que há um propósito eterno em relação a tudo isso. Não há nada que me faça parar agora, entrar num quarto, entrar em depressão porque eu creio que o mundo precisa de Deus”, disse George.

Identificação dos corpos

Após o incêndio, como não havia legistas no SML de Linhares, os corpos foram levados para Colatina. Uma médica legista examinou os corpos, mas não conseguiu identificar as crianças. Por isso, vão ter de passar por um exame de DNA.

Nesta segunda-feira (23), os pais das crianças estiveram no Departamento Médico Legal (DML) de Vitória para coletar material. A partir disso, o laudo sai em 15 dias, ou seja, os corpos só devem ser liberados depois desse prazo.

Fonte: G1

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