ARTIGO
Onça X coelho: qual animal você seria?
Victor de Almeida Moreira
Em minhas viagens pelo Brasil tive a grata oportunidade de conhecer alguns povos indígenas e deparei-me com um ditado que jamais esquecerei: “Uma onça andando livre na mata está tão segura quanto um coelho encolhido na toca.”
Aparentemente simples, este adágio nos entrega uma mensagem profunda para explicar a importância do desenvolvimento da autoliderança. Explico!
Segundo o professor Stephen Kanitz, a insegurança é o maior problema humano, visto que ela é o portal dos nossos medos. A periculosidade nos paralisa por nos expor ao medo de fracassarmos, de nos envergonharmos, de nos machucarmos e tantos outros receios. Para lidar com isso, buscamos, portanto, a segurança.
Todos desejamos, de alguma maneira, nos sentirmos seguros, mas o provérbio indígena nos mostra que existem dois tipos de segurança e não é qualquer uma que nos trará a plenitude.
Por um lado, há a “segurança da onça”: um animal que, ao longo de sua vida, se fortalece em si, desenvolvendo imponência e habilidades que lhe permitem enfrentar os perigos da selva. A segurança da onça é conquistada pela construção de sua própria força, dando-lhe a confiança de estar preparada para superar qualquer ameaça. Assim, ela vivencia todos os encantos e as aventuras do ambiente que habita.
Por outro lado, há a “segurança do coelho”: diferentemente da onça, é um animal vulnerável e frágil, que escolhe um local seguro para passar a maior parte da vida. Abrigado em uma toca, o coelho se protege, evitando enfrentar as ameaças e os perigos da mata. Contudo, ainda que essa também seja uma forma segura de viver, ela é incompleta em si, visto que a toca esconde o coelho dos desafios, mas também o priva das belezas, encantos e aventuras de uma vida plena.
Em nossas próprias vidas não é diferente. Inseridos em um mundo caótico, que nos ameaça de várias maneiras, parece-me cada vez mais comum o desejo de nos abrigarmos em nossas “tocas” pessoais adotando a segurança do coelho.
“Para que começar um novo relacionamento se pode dar errado?”… “Para que fazer a apresentação do trabalho se eu posso passar vergonha?”… Evitamos nos expor a desafios e dificuldades que podem vir a nos ferir, escondendo-nos de tudo o que pode dar errado para, assim, nos sentirmos seguros.
Porém, tal postura vai minando a liberdade, degradando o potencial individual e desapossando as pessoas das oportunidades de vivenciar experiências valiosas e conquistar todo o crescimento que a vida tem a proporcionar.
A real segurança, a que deveríamos buscar, é a da onça, que se abriga em si, forte e preparada para enfrentar os desafios e viver uma grande aventura. A pergunta que fica, então é: como conquistar esse fortalecimento? Por meio da autoliderança!
No livro “(Auto)liderança Antifrágil” demonstro como é valioso e surpreendentemente gratificante estruturar a si mesmo, desenvolver habilidades valiosas, transformar potencial em força, agir com propósito e adotar estratégias funcionais para nos sentirmos seguros de nós mesmos.
A autoliderança traz a compreensão que a vida é um mar de desafios, mas também de oportunidades incríveis, e que quanto mais você confronta as dificuldades, em vez de fugir delas, mais forte vai se tornar e mais segurança terá para percorrer o caos do mundo, transformando sua vida em uma jornada incrível de sucesso.