Fonte: Cristina Helena de Mello, professora de economia da ESPM
Com a recente decisão da Petrobras de adotar outra lógica de precificação, sem atrelar exclusivamente preços internacionais nos repasses, o país ainda assim deve ter pouca competitividade no agronegócio.
Segundo Cristina Helena de Mello, professora de economia da ESPM, a queda de preço nos combustíveis foi estratégica, uma vez que a Petrobras possuía margem para fazê-lo. Já o resultado só foi possível pela mudança da regra de precificação. “Não é um preço que se manterá reduzido ao longo do tempo, pois o principal impacto agora é a volta de imposto sobre combustíveis. Com isso, os preços devem voltar a subir”.
“As áreas produtivas de petróleo são espaços de conflitos entre os países produtores. Kuwait, Iraque, Irã, Arábia Saudita e Rússia, por exemplo, são cenários políticos preocupantes que impactam nos preços. Já do lado da demanda, temos um cenário de estagnação econômica para as grandes economias nos próximos anos. Já, internamente, temos que olhar a questão tributária, que terá um impacto sim sobre os preços. É muito difícil para a Petrobras se descompromissar com os preços internacionais e gerar prejuízos”, diz Mello, prosseguindo: “é um cenário difícil no longo prazo e, no curto prazo, teremos um impacto de crescimento de preços, afetando diretamente o agronegócio, uma vez há um percentual muito grande da produção escoada por malha rodoviária”.
A especialista aponta que uma das maiores ineficiências da cadeia produtiva do agronegócio está na logística de transporte, na forma de escoar a produção em estradas e portuários. Bem como, no aspecto da qualidade do diesel, na manutenção dos caminhões (motores, suspensão e pneus etc), estradas pouco conservadas, são barreiras na comercialização e exportações. “O escoamento agrícola brasileiro utiliza essencialmente combustível fóssil, o que eleva custos e gera dependência e fragilidade ante outros concorrentes internacionais”, ressalta.
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