O senador Otto Alencar (PSD-BA) anunciou hoje, durante o podcast Baixo Clero, que na próxima terça-feira (4) a CPI da Covid vai aprovar a convocação do ex-secretário de Comunicação do governo Fabio Wajngarten. Embora ainda não exista consenso sobre uma oitiva de Wajngarten na CPI que investiga as responsabilidades do governo federal na pandemia, Alencar, que é integrante titular do colegiado, confirmou que ele será convocado.
“Na terça-feira vamos aprovar o requerimento de convocação dele [Wajngarten], isso está certo, já tem acordo para isso”, disse Alencar (assista a partir do minuto 21:58 no vídeo acima). Segundo o senador, o procedimento deve ocorrer antes do início do depoimento do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, agendado para terça-feira.
A CPI espera que Wajngarten esclareça declarações feitas à revista Veja, segundo as quais o Ministério da Saúde “seria responsável pelo atraso das vacinas”. O ex-secretário disse ainda que participou “ativamente” dos esforços para viabilizar a compra da vacina da Pfizer.
“É crível que um secretário de Comunicação se envolva na compra de vacinas, que vá se aconselhar com o ministro Gilmar Mendes [do STF] para se aconselhar como compra a vacina?”, indagou o senador (assista a partir de 22:29).
A CPI ainda vai ouvir, na semana que vem, o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e os ex-titulares Nelson Teich e Eduardo Pazuello. O presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, também participará de uma audiência.
Alencar disse ainda que a CPI da Covid deve convocar quem quer que tenha tido relação com a crise sanitária que o país enfrenta. “Essa CPI tem que convocar as pessoas que têm conexão com a crise sanitária, com os problemas que aconteceram, como está prescrito […]: investigar o fato determinado e as suas conexões”, explicou (assista a partir de 42:29).
O senador disse não ver sentido em convocar o ministro da Economia, Paulo Guedes. “Convocar o Paulo Guedes por quê?”, indaga. “Por que ele repassou o dinheiro? Não tem por que convocar”. Tem que proceder com imparcialidade, isenção, bom senso, equilíbrio, para não fazer disso uma panaceia sem conexão com os fatos narrados e identificados por todos nós e pela imprensa.”
Para ele, a lista de 23 itens preparada pela Casa Civil é “praticamente uma confissão” (assista a partir de 21:08). “É a preocupação do governo em buscar se defender, de dizer que não errou”, disse o senador.
“Tem muita coisa que vai surgir ao longo do trabalho da CPI”, disse Alencar. “É uma coisa muito séria, estamos mexendo com a vida”, explicou o senador, que também é médico (assista a partir de 29:10).
Frigideira
Dois ministros do alto escalão do governo Bolsonaro foram parar na frigideira dos colunistas do UOL Maria Carolina Trevisan e Diogo Schelp no episódio de hoje do Baixo Clero: Paulo Guedes, da Economia, e Luiz Eduardo Ramos, da Casa Civil.
A escolha pelo general Ramos foi consensual, em função de declaração dele durante uma reunião com o Ministério da Saúde em que o militar diz ter tomado a vacina “escondido”.
Na ocasião, sem saber que a reunião era transmitida pelas redes sociais do Ministério da Saúde, Ramos disse: “Tomei escondido, né, porque a orientação era… (inaudível). Como qualquer ser humano, eu quero viver, pô. Se a ciência e a medicina tá (sic) dizendo que é a vacina, né, Guedes, quem sou eu para me contrapor?”.
Na opinião de Schelp, as declarações de Ramos revelam “muita covardia” e “postura imoral” do ministro (assista a partir de 58:27). “Ele tem medo do que o chefe vai dizer?”, pergunta o colunista. Para Trevisan, sua decisão se justifica pelo fato de Ramos ter tomado a vacina sem que o presidente soubesse, “para não ter que entrar num embate”, e sem assumir publicamente a importância da vacinação para enfrentar a pandemia (assista a partir de 57:53).
Trevisan também fritou o ministro Paulo Guedes pelas frases dele na mesma reunião no Ministério da Saúde. “Ele disse que o chinês inventou o vírus da covid-19, sendo que ele tomou a Coronavac”, justificou a colunista.
“É muito fácil fazer essa declaração e piorar a situação em que nós estamos, com um grau de irresponsabilidade enorme”, disse ela (assista a partir de 57:37). Schelp concordou com a escolha, dizendo que foram ambos infelizes “mas, na balança, o Ramos foi pior”.
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