Bahia tem 1,64 médicos por 1.000 habitantes, abaixo da média nacional, que é de 2,5. De acordo com Julio Braga, governo do estado ‘precisa investir em saúde’.
A Bahia tem 1,64 médicos por 1.000 habitantes, o 9º pior índice entre os estados brasileiros e o Distrito Federal, de acordo com um levantamento realizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).
O índice fica abaixo da média nacional, que é de 2,5 por 1.000 habitantes. O número coloca a Bahia como o 3º pior estado da região Nordeste no quesito, à frente apenas de Alagoas (1,58) e Maranhão (1,08).
O melhor índice foi registrado no Distrito Federal (5,11), seguido por Rio de Janeiro (3,70) e São Paulo (3,20).
De acordo com Julio Braga, vice-presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb) e conselheiro federal, esse dado reflete o baixo investimento em saúde feito no estado.
“Se você olhar o investimento de saúde por estado, a Bahia é um dos que menos investe. Você não vê sobrar oferta de emprego no estado da Bahia. A Bahia não faz concurso público, então não tem gente para trabalhar”, disse.
“O Governo do Estado não faz concurso para médico há mais de dez anos. Essa oferta emergencial é fora do padrão da curva. Como regra, o estado não oferece emprego para médico”.
De acordo com o Conselho Federal de Medicina, o Brasil tem 523.528 registros ativos de médicos nos 27 conselhos regionais, sendo que 422 mil estão abaixo dos 60 anos, o que representa 80%.
São esses médicos que estão aptos para atender pacientes infectados pelo coronavírus, desde que não apresentem comorbidades.
Em números absolutos, a Bahia é o sexto estado do país com a maior quantidade de médicos com menos de 60 anos, contando com 19.746 profissionais.
Outro dado apresentado pelo CFM mostra que o Brasil passou a contar com 9.653 novos médicos em 2020, considerando o período de janeiro a maio, sendo que 314 estão inscritos na Bahia.
Por causa da pandemia do coronavírus, o Ministério da Educação lançou uma portaria no mês de abril autorizando a antecipação da colação de grau de alunos das faculdades de medicina.
O governador Rui Costa, em entrevistas recentes, tem falado sobre a dificuldade em montar equipes de profissionais de saúde para atuar na Bahia durante a pandemia, mesmo tendo equipamentos disponíveis.
É o caso, por exemplo, do município de Teixeira de Freitas, no extremo sul da Bahia, como afirmou o governador.
“O município [de Teixeira de Freitas] estava com dificuldade de contratar médicos. E vai, então, para os profissionais que quiserem trabalhar no extremo sul, estão abertas vagas de médico, pessoal de UTI. A ideia é que a gente possa, até sexta-feira (12), no máximo sábado (13), abrir os leitos de UTI”, disse o gestor.
Julio Braga, vice-presidente do Cremeb, reforçou a crítica à falta de investimento em saúde por parte do governo do estado.
“O governo do estado precisa investir em saúde. E isso vai se resolvendo com o tempo. Existe uma questão emergencial agora e há a dificuldade de contratação. Mas se houvesse concurso público já teria mais médicos no estado”, disse.
Julio Braga também falou sobre as condições de trabalho nos hospitais, que é uma das principais reclamações dos médicos apontadas no levantamento feito pelo Conselho Federal de Medicina.
“A gente tem um serviço de fiscalização. Eventualmente recebemos denúncia de falta de equipamentos. Esse é um problema ainda. A falta de segurança para trabalhar nesses locais. É um dos motivos da ausência de atratividade para trazer profissionais para trabalhar em Salvador”, disse.
“A maioria dos contratos oferecidos são para trabalhar em locais com condições, no mínimo, duvidosas”.
Em nota, a Sesab informou que nos últimos 5 anos foram investidos mais de R$ 25 bilhões entre obras, serviços e recursos humanos na área da saúde. Veja abaixo a nota do órgão na íntegra:
A pesquisa retrata a concentração de médicos em poucos estados, bem como a quantidade insuficiente dos mesmos. A Secretaria da Saúde do Estado da Bahia não é a responsável pela criação de vagas nas instituições de ensino. O que nos cabe e isso tem sido feito, é criar as condições adequadas para os profissionais. Nos últimos 5 anos foram investidos mais de R$ 25 bilhões entre obras, serviços e recursos humanos.
Foram construídos sete novos hospitais, cinco UPAs, bem como requalificamos e/ou ampliamos as unidades estaduais. Entregamos 16 policlínicas regionais e outras oito estão em construção, além de termos em curso mais de 100 obras. Apenas como exemplo, todos os contratados das policlínicas regionais são via CLT, o que significa que os funcionários possuem todas as garantias trabalhistas.
Ainda sim, com remunerações acima de R$ 10 mil não é simples encontrar médicos dispostos a trabalhar nestas unidades que contam com todos os equipamentos necessários para o excelente desempenho da medicina, exemplo de mamógrafo, tomógrafo, ressonância, ECG, dentre outros itens que auxiliam o especialista no diagnóstico preciso. Além disso, a valorização dos servidores médicos é um fato, vide a progressão publicizada desde 2017.
Fonte: G1