Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes protagonizaram mais uma ríspida discussão no plenário da Corte nesta quarta-feira (21).
Após ser indiretamente citado durante o voto de Gilmar Mendes, Barroso interrompeu e chegou a dizer que o colega “envergonha” o Supremo. A presidente do STF Cármen Lúcia teve de suspender a sessão durante a fala inflamada de Barroso, não antes de Mendes replicar.
Mendes se refere a Barroso durante voto
Tratando sobre Ação Direta de Inconstitucionalidade que trata de doações ocultas de campanhas eleitorais, Gilmar Mendes citou as pré-campanhas que têm ocorrido atualmente, como “Lula de aviãozinho em Bagé (RS)” e “Bolsonaro pelo Brasil todo”. “De onde tem vindo esse dinheiro?”, questionou. Então, Mendes começou a criticar a politização da Justiça, algo que Barroso é acusado de promover no meio jurídico.
“‘Eu acho que’ é o direito achado na rua. Eu posso achar o que quiser. Achem na Constituição”, disse Mendes. “‘Eu quero mudar isso, eu tenho vocação para a mudança’. Mude para o Congresso, consiga voto”, sugeriu.
“Não se pode fazer isso com o Supremo Tribunal Federal: ‘ah, agora eu vou dar uma de esperto e vou conseguir a decisão do aborto’, de preferência na Turma com dois, três ministros, aí a gente faz um ‘dois a um’”, disse Mendes, em clara referência a Barroso, que em novembro de 2016 relatou ação na 1ª Turma que não considerou crime aborto até o 3º mês de gestação.
Neste momento, o colega de Gilmar não se conteve e tomou a palavra ao microfone. “Me deixa de fora desse seu mal sentimento. Você é uma pessoa horrível. Uma mistura do mal com o atraso e pitadas de psicopatia”, atacou Barroso.
“Isso não tem nada a ver com o que está sendo julgado. É um absurdo vossa excelência aqui fazer um comício cheio de ofensas, grosserias. Vossa excelência não consegue articular um argumento, fica procurando… já ofendeu a presidente (Cármen Lúcia), já ofendeu o ministro (Luiz) Fux, agora chegou a mim”, reclamou Barroso.
“A vida para vossa excelência é ofender as pessoas. Não tem nenhuma ideia. Não tem nenhuma ideia. Nenhuma, nenhuma. Só ofende as pessoas, ofende as pessoas”. “Qual é a sua ideia? Qual é a sua proposta? Nenhuma, nenhuma. É biles, ódio, mau sentimento”, declarou.
“É uma coisa horrível, vossa excelência nos envergonha. Vossa Excelência é uma desonra para o tribunal”, disse Barroso, quando finalmente passou a ser interrompido por Mendes, que pediu para falar, à toa. “(Vossa excelência é) uma desonra para todos nós, um temperamento agressivo, grosseiro, rude”, continuou Barroso.
“Vossa excelência sozinho desmoraliza o Tribunal. É muito ruim. É muito penoso para todos nós termos que conviver com vossa excelência aqui. Não tem ideia, não tem patriotismo, está sempre atrás de algum interesse que não é o da justiça. Uma coisa horrorosa”, continuou Barroso, enquanto a presidente Cármen Lúcia tentava acalmá-lo.
Cármen Lúcia, então, suspendeu a sessão pelo período regimental, enquanto Barroso continuava a gritar: “é muito feio isso. Isso é o Supremo Tribunal Federal”.
Tréplica
Gilmar Mendes, por fim, rebateu, após já ter sido suspensa a sessão: “eu continuo com a palavra, presidente. Eu continuo com a palavra”.
“Presidente, eu vou recomendar ao ministro Barroso que feche o seu escritório, feche o seu escritório de advocacia”, disse, para, então beber um gole de água